quinta-feira, 29 de abril de 2010
O que importa são as perguntas
O que mais me chamou a atenção, porém, não foi a interatividade, improvisação e as interfaces entre teatro e dança - certamente um ponto forte do grupo -, mas o foco nas perguntas e na nossa incapacidade de respondê-las.
Na ocasião, coincidentemente ou não (preciso conversar com o grupo para ter esta certeza! rs), foram selecionadas as seguintes perguntas: Por quê estou só?; Por quê as pessoas que gosto moram tão longe?; Por quê as pessoas tem que morar longe?. Disso advém uma apresentação que em alguns momentos faz rir e em outros nos deixa angustiados, já que toca em angústias próprias da humanidade. Mesmo sem a força dramática que tais temas insinuam, o grupo aposta na improvisação para chegar a seguinte conclusão: o que importam são mesmo as perguntas!
Pra mim, o mais fascinante foi ter uma pergunta formulada por mim selecionada!
domingo, 25 de abril de 2010
Resenha: A história da Internet e a credibilidade das fontes de informação na atualidade
por Rodrigo Botelho*
A descrição histórica de projetos como a cidade do intelecto e um telescópio elétrico conectado a uma linha telefônica capaz de recuperar imagens de documentos a distância são exemplos de algumas das abordagens de Brasilina Passarelli em “Do Mundaneum à WEB Semântica: discussão sobre a revolução nos conceitos de autor e autoridade das fontes de informação” para discutir a revolução que a utilização da Internet causou em estruturas tradicionais da sociedade, como a narrativa linear e os conceitos de autor e autoridade das fontes de informação.
O artigo, publicado em outubro de 2008 na DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação, possui uma abordagem que ainda em 2010 se mostra válida, já que os questionamentos apontados por Brasilina ainda se mostram centrais na discussão sobre a sociedade em rede, termo cunhado por Castells (1999) para caracterizar a nova organização que é proposta a partir do fim da guerra fria, globalização e conexão das sociedades em torno das redes de computadores. A gênese do conceito teórico do autor, inclusive, perpassa o artigo em questão em vários momentos, já que a autora claramente compartilha com uma visão nem otimista nem ceticista sobre os processos e interações que tem desencadeado novas relações sociais, estruturas sociais diferentes e novas economia e cultura.
Assim, um novo mundo despontou no final do século XX. Originou-se mais ou menos no fim dos anos 60 e meados da década de 70, na coincidência histórica de três processos independentes: revolução da tecnologia da informação; crise econômica do capitalismo e do estatismo e a conseqüente reestruturação de ambos; e apogeu de movimentos sociais e culturais, tais como: libertarismo, direitos humanos, feminismo e ambientalismo. (PASSARELLI, 2008).
Além de Castells, outros pensadores importantes desse debate também são invocados por Brasilina. Dentre eles, Landow (2006), Lanier (2008), Lyotard (1984), Rheingold (1993), Turkle (1995) e Turner (2006). Destaca-se, porém, o advogado belga, considerado o fundador do que hoje se denomina Ciência da Informação, Paul Otlet (1868-1944). É a ele que se atribui o ambicioso projeto de criação, em 1910, do Mundaneum, um museu que chegou a contabilizar cerca de 70 milhões de entradas. A autora considera este projeto como influenciador de várias outras propostas que, cada qual a seu modo, deram origem ao que conhecemos hoje como Internet. “A visão futurista de Otlet é de tal ordem que oitenta anos depois a maior parte de seus inventos integra a vida do contemporâneo século XXI (...)” (PASSARELLI, 2008).
À abordagem das influencias de Otlet e sua proposta de criação de um controle universal da produção intelectual humana, sucedem-se, no artigo de Brasilina, abordagens importantes para o desenvolvimento histórico da Internet. Neste sentido, são apresentadas as propostas de Vannevar Bush, Ted Nelson e Tim Berners Lee, pensadores importantíssimos no contexto da web. A eles são creditados a proposição do Memex, o cunho do termo hipertexto e o desenvolvimento da própria Internet.
Com essa abordagem histórica, o artigo também chega a uma discussão sobre a existência de três gerações para web. Estas são representadas atualmente pelo que convencionamos chamar de Web 1.0, 2.0 e 3.0. A questão importante, no contexto do debate levantado pela autora, está na definição da última geração, que propõe a Web Semântica, “para denominar uma Web com maior capacidade de busca e auto-reconhecimento dos conteúdos por meio de metadados com descrições ligados aos conteúdos originais” (PASSARELLI, 2008). No mesmo capítulo em que apresenta este conceito, a autora relata iniciativas interessantes de uso e proposições da e para rede, o que certamente é um atrativo à leitura de seu texto, que, apesar de deixar claro em seu resumo que se trata de uma “discussão acadêmica”, possui uma linguagem e recursos narrativos e hipertextuais que fazem com que possa ser facilmente digerido por qualquer leigo.
Toda essa apresentação e contextualização histórica, porém, é uma introdução para a questão central da abordagem de Brasilina, que aparece no capítulo “A revolução nos conceitos de autoria e autoridade das fontes de informação nas plataformas open Access”, onde a autora reflete sobre o que ela chama de “profundas mutações que a comunicação de informações – tanto informal como científica – vêm sofrendo na última década”.
A comunicação científica e o movimento do livre acesso ao conhecimento também vivenciam conflitos na sociedade
Nesta reflexão, a Wikipédia será utilizada pela autora para debater a credibilidade e legitimidade dos conteúdos digitais
A resposta a esses questionamentos certamente não é dada facilmente, nem a autora arrisca posicionamentos deterministas, já que isto nem caberia no ambiente que ela descreve. Como bem apresentado por Brasilina, já não é possível entendermos o mundo a partir das grandes narrativas. Neste debate, que ela traz de Lyotard (1984), predominam “as mini-narrativas que são tópicas, temporárias, contingenciais e relativas” (PASSARELLI, 2008). É por isso, talvez, que a autora é otimista ao terminar seu artigo discorrendo sobre o “futuro do futuro” não a partir da metáfora das sombras, mas das luzes que convivem com estas. O celular é, neste sentido, uma das apostas de Brasilina, já que a partir dele já estão sendo feitos usos que mostram não só uma diferença substancial das mídias de massa, mas seu poder interativo com bases de textos e repositórios dos mais diversos, o que reconfigura até mesmo nossa noção de acervo e fontes de informação. Enfim, é um debate que merece continuidade.
* Rodrigo Eduardo Botelho Francisco é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP, jornalista, especialista em computação e, atualmente, também Diretor de Comunicação Social da Universidade Federal de São Carlos.
** Resenha elaborada no contexto da disciplina Criando Comunidades Virtuais de Aprendizagem e de Prática, do PPGCOM/ECA/USP.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Gestão Pública e Elementos da Escritura Científica
informo que a partir de hoje atribuo mais uma função para este diário. Acho que não mencionei neste espaço que, depois da conclusão do mestrado, em outubro de 2009, acabei ingressando no doutorado na mesma área e num curso de especialização em Gestão Pública. Como podem notar, neste ano de 2010 estou assoberbado com a condução de tudo isso e minha função como coordenador de Comunicação na UFSCar. Mas, tudo bem. Vamos nessa porque conhecimento nunca é demais.
Quem já navegou por aqui já percebeu que este blog possui um emaranhado de coisas, das acadêmicas às pessoais, das autorais às replicadas e incorporadas. Assim, a nova proposta de utilização do blog durante o curso de especialização só vem a somar à função que já estava atribuída para este diário.
A proposição ocorreu na disciplina Elementos de Escritura Científica, do professor Roberto Baronas. E já que mencionei esta informação, gostaria de comentar o quão interessante achei a proposta de utilizar o blog como ferramenta didática. Certamente, num mundo permeado pela imposição de um paradigma digital em todos os aspectos da vida, é fundamental que as reflexões das salas de aula (sejam elas presenciais ou não) também possam configurar-se nestes espaços. Nestes, a geração do conhecimento se dá a partir da colaboratividade e até mesmo de outros referenciais de espaço, tempo e autoria. É um desafio! Vamos lá...