sexta-feira, 29 de maio de 2009

Debates sobre uma imprensa órfã

O Brasil vive, atualmente, um momento muito particular da história de sua Imprensa e dos Meios de Comunicação Social em geral. Particularmente agora é oportuno refletir sobre os temas que os envolvem, já que no dia 1º de junho é lembrado o Dia da Imprensa e no dia 7 o da Liberdade de Imprensa. Os assuntos em destaque quando entramos nessa seara são dos mais diversos. Vão da recente revogação da Lei de Imprensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), até a realização da primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) e os debates sobre televisão pública, digitalização e concessão de sinais de rádio e televisão abertos.

Antes de mais nada, é preciso pontuar de que Imprensa estamos falando. Essa questão, que pode parecer didática e desnecessária, nos revela que o termo, apesar de ser utilizado comumente para caracterizar a atuação dos jornalistas nas mais diversas mídias, etimologicamente está relacionada aos jornais impressos, afinal, imprensa tem origem provavelmente em uma derivação regressiva de imprensar (im- + prensa + -ar), que por sua vez substituiu o vocativo espanhol imprenta. Este último refere-se, segundo o Houaiss, à marca de um selo, a imprimir, deixar uma marca. O vocativo, inclusive, existiu inicialmente em Português, mas foi posteriormente substituído pelo termo como o conhecemos hoje.

Essa descrição etimológica nos leva também à notável invenção de Gutenberg, que revolucionou os modos de transmissão do conhecimento no século 15. Assim, devemos à Imprensa o legado de revoluções e movimentos que defenderam, cada qual a seu modo, a democratização do acesso ao saber.

Esse ponto de vista etimológico é importante para entender o que há em comum entre todos os assuntos destacados no início deste artigo: a democratização dos meios de comunicação. E não é difícil perceber por que, já que a maioria dos veículos de comunicação do País está nas mãos de poucos políticos, grupos e redes que, de alguma forma, os utilizam para promoverem interesses próprios.

Uma interface disponibilizada pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), intitulada "Donos da Mídia", revela que somente o deputado federal Antonio Carlos Martins de Bulhões, do PMDB de São Paulo, tem ligados a ele sete veículos de comunicação. Entre os grupos nacionais destacam-se a Abril, com 74 veículos, e a Globo, com 69. Na lista também há igrejas como a Renascer, Assembleia de Deus e o movimento Canção Nova, ligado à Igreja Católica.

Os dados apontados no sistema do FNDC formam um escandaloso mapa da comunicação social. É inadimissível que as concessões de radiodifusão estejam tão concentradas porque o espectro que as emissoras utilizam é público e tem sua utilização regulada e concedida pelo Estado. O que deve determinar esse uso é o que prevê a Constituição:
  • os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio;
  • a produção e a programação das emissoras devem preferencialmente expressar finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
  • devem promover a cultura nacional e regional e estimular a produção independente;
  • devem estimular a regionalização da produção cultural, artística e jornalística; e
  • devem respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.
A carta magna, prevê, inclusive, um serviço de radiodifusão pautado no princípio da complementaridade dos sistemas sistemas público, estatal e privado, conceito difícil de ser entendido no Brasil, que tem sua experiência televisiva e radiofônica pautada naquilo que é ofertado majoritariamente pela iniciativa privada.

Felizmente vemos um movimento recente que defende investimentos na criação e manutenção de TVs públicas, como é a proposta da récem-criada TV Brasil. A organização desse setor, inclusive, tem acumulado já um rico debate que teve início em maio de 2007 com a realização do I Fórum Nacional de TVs Públicas. Nesta última semana de maio, por sua vez, ocorre a segunda edição do evento, em Brasília. É importante ressaltar que as quatro entidades representadas nessa instância congregam 2.200 emissoras e retransmissoras e cobertura em mais de três mil municípios em todo o País. O Fórum, nesta edição, tornou-se uma instância oficial da Confecom, que ocorre de 1º a 3 dezembro de 2009, também no DF.

Já um dos desafios da Confecom será o de dar conta do grande e diverso temário em questão, já que a Comunicação não é algo que tem se discutido em termos de políticas públicas no Brasil há tempos. Os temas que a norteiam só poderiam estar sob um título amplo e generalista como o que foi dado: "Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital". Oxalá consigamos traçar com a Conferência um caminho diferente daquele que percorreu o Conselho de Comunicação Social, que nunca funcionou como deveria. Previsto na Constituição Federal, o órgão foi criado por lei em 1991, instalado com alguma pompa em 2002 e reunido uma única vez em 2007. No ano passado, o Senado sequer conseguiu indicar os seus integrantes.

Outro indicador de que não há políticas públicas para a comunicação brasileira é a recente revogação da já caduca Lei de Imprensa. O que o STF fez em abril deste ano ao descartá-la foi um recado ao poder legislativo, que em mais de 40 anos não conseguiu se livrar dessa herança da ditadura militar. Apesar de órfãos, os movimentos ligados à Imprensa sequer ensaiaram críticas ao procedimento do Judiciário e visivelmente preferem ter jornais e jornalistas julgados somente sob a ótica do Código Penal e da Constituição a ter que recorrer à antiga lei.

Mas não é só de legislação que a imprensa brasileira é órfã. Falta-lhe órgãos institucionalizados que tenham autonomia e representatividade. É hipocrisia relegar ao Ministério do Trabalho a concessão de registro profissional aos jornalistas. Isso seria função de um conselho de classe, que a ele tivesse ligado um conselho de ética, a exemplo de tantas outras profissões liberais como a dos advogados e médicos. Hoje, a quem recorremos quando um profissional ou veículo erra? Como caçar o registro de um profissional irresponsável, antiético, imoral e que presta um deserviço ao debate público e democrático de ideias? Infelizmente a proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) foi arquivada diante da pressão dos grandes veículos de comunicação, os mesmos que, como vimos acima, estão sob direção de poucos.

Também é importante lembrar da interferência dos "donos da mídia" nas discussões sobre a digitalização da TV e do rádio. No primeiro caso, as grandes emissoras de televisão, reunidas sob a sigla da Abert e com o aval de seu representante na direção do Ministério das Comunicações, preteriram um acordo com os chineses para o desenvolvimento de um sistema próprio de televisão digital e defenderam uma parceria com os japoneses, que ofereciam um modelo de negócios que lhes era mais interessante e rentável.

Já com o sinal digital de televisão em funcionamento em mais de 20 municípios, a discussão agora é sobre que padrão de rádio adotar. E a história se repete. Apesar do recente recuo e decisão por testar a tecnologia DRM, abreviatura para Digital Radio Mondiale, sistema utilizado em vários países da Europa, o ministro Hélio Costa vinha demonstrando preferência pelo padrão americano Iboc (In Band on Chanel). E essa discussão sobre rádio digital está apenas começando.

Felizmente, apesar de encontrar uma imprensa órfã, as comemorações do Dia da Imprensa em 2009 estão inseridas num ambiente rico de debate. Torçamos e nos envolvamos para que essa reflexão promova a liberdade de expressão, novos canais de produção e disseminação da cultura, abra espaço para novos atores, regionalização e grupos independentes.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Os donos da mídia




Está disponível no site do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), uma interface intitulada "Donos da Mídia". O aplicativo é, na prática, um mapa da comunicação social e apresenta diversas informações sobre os seguintes tipos de veículos: emissoras e retransmissoras de TV; rádios AM, FM, Comunitárias, OT e OC; operadoras de TV a cabo, MMDS e DTH; canais de TV por assinatura; e as principais revistas e jornais impressos.

Na prática, é possível ver através dessa iniciativa na mão de quem estão os veículos de comunicação no Brasil. Os dados são alarmantes. Como muitos já sabem, essa lista é encabeçada por políticos, grupos e redes que, de alguma forma, utilizam os meios de comunicação para promoverem interesses próprios.

Somente o deputado federal Antonio Carlos Martins de Bulhões, do PMDB de São Paulo, tem ligados a ele sete veículos de comunicação. Entre os grupos nacionais destacam-se a Abril, com 74 veículos, e a Globo, com 69. Na lista também há igrejas como a Renascer, Assembléia de Deus e o movimento Canção Nova, ligado à Igreja Católica.

Vale a pena conferir. Pela democratização da Comunicação!

Donos da Mídia: http://donosdamidia.com.br

quarta-feira, 13 de maio de 2009

II Fórum Nacional de TVs Públicas

O II Fórum Nacional de TVs Públicas acontece em Brasília, nos dias 26, 27 e 28 de maio de 2009. A mesa internacional e o encerramento são abertos ao público mediante inscrição prévia. O evento é gratuito. Para participar, é preciso preencher o cadastro de pré-inscrição e aguardar a confirmação via e-mail até o dia 22 de maio. As vagas serão preenchidas por ordem de cadastro.

http://www.forumtvpublica.org.br/

terça-feira, 5 de maio de 2009

Será um novo Google?

Novo buscador promete revolução na internet

Fonte: - ADNews (04/05/2009)

A Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, exibiu na última semana um novo buscador que promete revolucionar a internet. Batizado de Wolfram Alfa, o sistema de buscas será apresentado ainda neste mês.

De acordo com informações do site The Independet, os especialistas que tiveram acesso ao programa disseram que esse pode ser o primeiro passo em direção ao que consideram o "Santo Graal" virtual, ou seja, um alojamento de informação que compreende e responde em linguagem comum.

Entre as inovações do Wolfram Alfa estará a sua capacidade de relacionar os temas pesquisados a outros dados curiosos. Além disso, o sistema dará mais do que uma simples resposta a uma pergunta como "Qual é a altura do Monte Everest?". Nesse caso, também serão apresentadas páginas com informações relacionadas, dados como localização geográfica, cidades próximas, outras montanhas altas e gráficos e tabelas ligados ao assunto.

Tom Simpson, autor do blog Convergenceofeverything.com, acredita que esse seja um novo paradigma na utilização dos computadores e da web em um momento "em que a inteligência artificial segue em direção a uma auto-organização de conteúdo". Já Nova Spivack, um expert em computadores e em assunto da web, disse o sistema poderá ser tão importante quanto o Google. "É realmente impressionante e significativo. Na verdade, pode ser algo tão importante para a web quanto é o Google, mas para uma finalidade diferente", explica.

Com acesso livre na internet, o Wolfram terá o suporte de sites como Wikipedia. O criador do programa, Stephen Wolfram, também não descarta a possibilidade de futuras parcerias com o Google. "Estamos trabalhando em parceria com todas as possíveis organizações. Esperemos que haja grande sinergia para isso", declarou.

Com informações do Terra
Fonte: http://www.adnews.com.br/tecnologia.php?id=87650