segunda-feira, 2 de março de 2009

"Façam nossos computadores mais fáceis de usar"

A frase no título é de Michael L. Dertouzos, ex-diretor do Laboratório de Ciência da Computação do MIT (Massachusetts Institute of Technology), falecido em agosto de 2001.

Cheguei até essa referência ao ler o capítulo "A interação como problema" do brilhante livro de Alex Primo sobre a "interação mediada por computador". Na obra, o autor lembra que Dertouzos denuncia que "em vez das máquinas nos servirem, nós é que as servimos".

  • "Espera-se longamente pelo boot do computador e pelo carregamento de páginas na Web. Segundo ele, sentamos perplexos em frente a incompreensíveis mensagens do sistema e aguardamos frustrados pela ajuda telefônica do provedor. Fiéis aos upgrades constantes dos programas, rapidamente descobrimos, conforme o autor, que a nova versão também trava com freqüência. Dertouzos demanda intransigente: 'Façam nossos computadores serem mais fáceis de usar'. O autor espera que os computadores conversem conosco, façam coisas por nós, busquem informações que queremos, ajudem-nos a trabalhar com outras pessoas e se adaptem às nossas necessidades." (PRIMO, Alex. Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição. Porto Alegre: Sulina, 2007, p. 35)

Alex Primo também cita outra referência interessante sobre as dificuldades da informática: o artigo One half a manifesto, de Jaron Lanier. No documento, considerado muito crítico, Lanier descreve o deslumbramento com a inteligência artificial e a impressão de que o computador está mais inteligente e mais humano como a sentença de que "as pessoas estão mais estúpicas e menos humanas!".

O polêmico manifesto também é mote do artigo "Inteligência artificial: Homens x Máquinas" publicado na Superinteressante em julho de 2002. O texto, de Denis Russo Burgierman, é bem didático ao comentar as críticas de Lanier, dando exemplos clássicos e cotidianos do uso dos computadores. São fatos com os quais nós convivemos todos os dias e, muito provavelmente, deixamos passar, sem fazer uma reflexão mais profunda daquilo que está mediando nossas relações no mundo digital.

Os artigos apresentados aqui são apenas algumas vozes dissonantes num mundo cada vez mais digitalizado e cada vez menos questionado. Por que os computadores são como são? A informática realmente dominará todos os setores da vida? A quem interessa o design das tecnologias?

Não quero atualizar o enredo de contos como o da Chapéuzinho Vermelho, relembrar a estrofe "Quem tem medo do lobo mau" e assustar os leitores desavisados. Não devemos encarar a informática como algo assustador. Porém, é sempre bom questionar.

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